terça-feira, 17 de janeiro de 2017

CARTA DE BETIM: DOCUMENTO IMPORTANTE DO MEP.


Graça e paz da parte D'Aquele que era, e que é, e que há de vir, "por causa do qual os céus, incendiados, serão desfeitos, e os elementos abrasados se derreterão. Nós, porém, segundo a sua promessa, esperamos novos céus e nova terra, nos quais habita justiça".
O movimento Evangélico Progressista - MEP - reunido em Betim/MG nos dias 03 a 06 de julho de 1997, em seu III Encontro Nacional, com a participação de cristãos de vários estados da federação, evangélicos de diversas denominações afirmamos nosso princípio de fé e compromisso social. Somos militantes de movimentos populares que aprenderam a endurecer sem perder a ternura; pastores conduzindo os seus rebanhos entre outros rebanhos conduzidos por outros pastores; sindicalistas que descobriram ao sol da experiência que quem não sabe radicalizar jamais saberá a hora de dialogar. Políticos que sabem que a realidade política só pode ser transformada por quem dela participa. Temos entre nós irmãos trabalhando para provar que é possível robustecer a fé com os recursos da ciência. Somos crentes no Senhor Jesus Cristo compartilhando a difícil tarefa de levar a igreja a ter uma visão e prática política comprometidas com os interesses do povo.
1)RECONHECEMOS:
I - Deus é o princípio e o fim de todas as coisas, pois pr Ele e para Ele tudo foi criado e subsiste;
II - A vida dos homens e dos povos não tem se não for vivida segundo o propósito de Deus, no poder de Sua Graça, sob o juízo constante de sua Palavra e no pleno reconhecimento de Sua soberania;
III - Criados em Cristo, à imagem e semelhança de Deus, todos os seres humanos são fundamentalmente iguais e essa igualdade deve ser manifesta no respeito aos direitos e às oportunidades para todos;
IV - Todas as formas de opressão religiosa, política e de expressão, são igualmente odiosas e contrárias à fé cristã. 
V - Nenhuma ordem social é inteiramente cristã. Aproxima-se mais desse ideal aquela em quem os direitos e deveres dos cidadãos forem mantidos em justo equilíbrio, em que for garantido a todos o pleno desenvolvimento de suas potencialidades para a realização do bem comum;

2) NOSSA IDENTIDADE:
Nossa inserção declarada e assumida, em voto perene, na tradição cristã nos habilita à herança da promessa feita a Abraão, e nos atribui as responsabilidades correspondentes, de construir uma grande nação onde sejam benditas todas as famílias e todo ser humano tenha os meios e oportunidades de ser uma benção. Essas responsabilidades devem ser assumidas nas situações concretas em que vivemos. Assim, nosso dever:
I - Denunciar, por atos e palavras, como falso e perigoso o sistema que consagra os valores econômicos como valor maior a ser buscado pelo ser humano e convalida todos os meios de se alcançara prosperidade, excluindo nações inteiras à vida e à liberdade;
II - Engajar-nos, a qualquer preço, pela nossa vida e testemunho, na luta para que a Declaração Universal dos Direitos Humanos seja praticada porque reconhecida como providência divina para que os homens vivam em união;
III - Participar, ativa e intercessoriamente, da luta pela preservação dos meios naturais, reconhecendo na degradação da natureza uma agressão à obra divina;
IV - Reconhecer no trabalho, manual ou intelectual, a possibilidade humana de participação na obra criadora de Deus, que, como tal, deve ter preservadas as oportunidades de seu exercício em condições de justiça e dignidade.
3)NOSSO COMPROMISSO
Identificar no agudo sofrimento dos injustiçados, nos gemidos dos maltratados e no clamor dos excluídos a Ordem divina e, inequivocamente, clara para que sejamos sinais de esperança entre aqueles que, com destemor e coragem, lutam: 
- contra qualquer forma de desrespeito aos direitos humanos;

- contra sistema econômico que aprofunda, cada vez mais, o abismo que separa palácios e barracos, miséria degradante e exibição acintosa de opulência, ao legitimar os meios de se obter lucros abundantes em detrimento de oportunidades de emprego;
- contra discursos que, por equívoco ou desonestidade, vem sistematicamente destruindo todas as noções de patriotismo ao disseminar com diabólica insistência a idéia de que vale a pena destruir ecossistemas inteiros, jazidas cujo valor para o futuro da nação é incalculável, tecnologias acumuladas durante décadas, para transformar tudo em dinheiro que costuma escoar-se pelos ralos da corrupção;
- a favor de uma reforma agrária tão ampla e tão completa quanto o exigem a vastidão de nosso país e as dimensões de nossa degradante miséria, para que a terra cumpra o propósito divino segundo o qual o homem deve tirar da terra o seu sustento;
- a favor da participação cada vez maior do cidadão, nesta condição, na gestão dos bens sociais a fim de que se destrua a absurda afirmação tácita de que alguns seres humanos foram feitos para mandar e a maioria para obedecer, e outros ainda para exclusão, vivendo aleijados do processo, alimentando-se das migalhas que caem das mesas dos primeiros.
Betim, 06 de julho de 1997. 
Movimento Evangélico Progressista - MEP

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